Sadomasoquista que sou
Não abro mão da dor
Pois melhor saber que há dor
E deixá-la doer
Do que sorrir em vão
Saber que dói
E não dissimular a dor
E não transformar os tapas em risos devassos
Numa lascívia construída em relutância
É melhor que renegar sensações
E entregar-se aos tapas e arranhões
Que alguns chamam de amor
Ou da graça da vida
Na sanidade
Da dor improdutiva
Ou na loucura
Da saúde rentável
Revela-se a morte
Eu prefiro a morte
Na sua decadência autêntica
Do que a morte
Na elegância insensata
Mas ainda espero uma resposta
Posto que preciso perguntar:
Como fugir das sepulturas que nos engavetam vivos?
Agora volto à cova.
Se alguém solucionar, ao lado está meu contato.
Só lhes peço, sejam rápidos.
Antes que me tapem.
Manuel Domínguez Sánchez, El suicidio de Séneca (1871)
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